#01 | O estresse é pop
As pessoas nunca pesquisaram tanto sobre estresse e, ao mesmo tempo, nunca estiveram tão estressadas.
As buscas por termos relacionados ao estresse nunca estiveram tão em alta no Brasil como em 2025. Segundo dados do Google Trends, o volume de pesquisas sobre estresse crônico e cortisol atingiu o maior nível dos últimos dez anos e, apenas no primeiro semestre, dobrou. As consultas por “como diminuir” ou “como reduzir o estresse” também dispararam.
Para o psiquiatra Daniel Martins de Barros, autor do livro “Sofrimento não é doença”, esse fenômeno revela um traço marcante da vida contemporânea: a tentativa de medicalizar emoções naturais e transformar o sofrimento em diagnóstico.
Os vilões da vez
O estresse e o cortisol se tornaram os grandes vilões da saúde física e mental nas redes sociais. Se algo está fora do lugar, os culpados são sempre os mesmos. Mas, apesar da má fama, o estresse é um mecanismo natural de defesa do corpo e não deve ser visto como algo necessariamente negativo.
Daniel explica que é uma reação biológica essencial: quando algo exige mais da nossa atenção, o cérebro libera adrenalina e cortisol, substâncias que aumentam a energia e colocam o organismo em estado de alerta.
O cortisol, aliás, ajuda o cérebro a registrar o que aconteceu, reforçando a memória e ajustando a resposta ao medo. Em condições normais, esse sistema funciona bem e se regula sozinho: o corpo reage, resolve o problema e volta ao equilíbrio.
Quando o corpo não desliga
O problema é que, hoje, o cérebro interpreta prazos, notificações e preocupações diárias como ameaças constantes e o que deveria ser uma resposta pontual virou um estado permanente de alerta. É assim que o estresse se torna crônico.
Daniel detalha que, quando o corpo se mantém em atenção por muito tempo, surgem o cansaço, a dificuldade de concentração e a sensação de esgotamento. A memória fica prejudicada, a ansiedade cresce e a capacidade de enxergar o lado positivo das situações diminui.
Não é à toa que os níveis de estresse, dores e emoções negativas estão aumentando cerca de 1% ao ano, segundo dados compartilhados por Daniel.
E qual é a solução?
Sabe quando o protagonista de um filme de terror passa o tempo todo fugindo de um monstro e, no fim, descobre que a única forma de vencê-lo é enfrentando-o? Pois é, o sofrimento (e, nesse caso, o estresse) funciona da mesma maneira.
Para o autor, só quando identificamos o que está por trás é que conseguimos lidar com a situação – seja para resolver o problema de vez, seja para aprender a conviver com ele da melhor forma.
Então o melhor caminho não é eliminar o estresse nem romantizá-lo, mas compreender o que ele está querendo dizer.
Ao mesmo tempo, algumas atitudes ajudam a diminuir a exposição ao estresse prolongado, como dormir bem, manter uma alimentação equilibrada, praticar atividades físicas, ter momentos de lazer e fazer pausas regulares ao longo do dia.
Mas se, mesmo assim, a sensação de tensão e exaustão persistir, é fundamental buscar avaliação médica para investigar as causas e tratar de forma adequada.
Para refletir:
Nos relacionamentos: como o estresse constante tem afetado a paciência, a escuta e o tempo de qualidade?
No trabalho: será que a sua busca por resultados e respostas imediatas não está mantendo seu corpo em alerta o tempo todo?
Na saúde mental e física: até que ponto tentar eliminar o estresse, em vez de compreendê-lo, tem deixado a mente ainda mais sobrecarregada?
Para aprofundar:
📖 Sofrimento não é doença: Descubra os riscos do excesso de diagnósticos e das medicalizações sem que exista, de fato, uma disfunção clínica;
📖 Seis substâncias para viver bem: Saiba como a dopamina, a serotonina, a oxitocina, a endorfina, a adrenalina e o cortisol influenciam o corpo.
📖 Como domar a dopamina: Entenda a molécula que está por trás dos desejos e escolhas do dia a dia – e descubra como usá-la a seu favor.
Sextante indica:
“Sofri um acidente e precisei ficar muitas semanas de cama, praticamente sem poder levantar. É uma situação desafiadora e estressante, mas aproveitei para voltar a fazer uma atividade que eu sempre adorei, mas na correria do dia a dia, não fazia há tempos: parar para ouvir música, sem fazer mais nada. Muitos estudos comprovam os benefícios de ouvir música para combater o estresse. Sou amante de música clássica, e um álbum que ouvi repetidas vezes nesse período foi Serenata para Cordas e Sopros de Dvorak, com a Orquestra Filarmônica de Viena. É uma música linda e relaxante. Vale muito a pena passar uma hora ouvindo com atenção (em vez de ficar passando vídeos bobos no seu feed 😉).”
Onde ouvir: Spotify
Duração: 50min12s
Nana Vaz de Castro
Diretora de Aquisições
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