#02 | A síndrome do coadjuvante
Quando a vergonha nos convence a viver em segundo plano.
Quem passa muito tempo nas redes sociais provavelmente já se deparou por aí com a expressão “síndrome do protagonista”. Ela se refere, ironicamente, à postura daquela pessoa que se enxerga como o personagem principal de qualquer enredo.
Em dose excessiva, pode ser cansativo. Mas o movimento contrário talvez seja ainda mais doloroso: quando a gente se enxerga só como coadjuvante, assistindo de longe à própria vida e imaginando como tudo seria se tivesse um pouco mais de coragem para se mostrar de verdade ao mundo.
Aliás, quem fala com propriedade sobre esse tema é a pesquisadora Brené Brown, autora do best-seller “A coragem de ser imperfeito”. Ela nos lembra que viver é experimentar incertezas, correr riscos e se expor emocionalmente.
E que, na maioria das vezes, é a vergonha que nos empurra para esse lugar encolhido, justamente porque atinge em cheio o que mais desejamos: ser aceitos.
O plot que todo mundo já conhece
A vergonha é uma emoção comum a todos nós, mesmo que nem sempre a gente admita sentir. Brené explica que ela aparece quando acreditamos que há algo em nós que nos torna indignos de amor, aceitação ou pertencimento.
Diferentemente da culpa, que diz “Fiz algo errado” e pode nos motivar a mudar um comportamento, a vergonha diz “Eu sou errado” e nos faz duvidar da nossa capacidade.
De acordo com Brené, dependendo de como fomos criados ou de como nos relacionamos com o mundo, acabamos, consciente ou inconscientemente, atrelando nossa autoestima a como nossas ações são recebidas pelos outros.
Assim, aos poucos, vamos perdendo oportunidades, deixando de mostrar o que sabemos e nos afastando das pessoas.
Saia da janela da vida
Para abandonar esse lugar, o ideal não é tentar eliminar essa emoção, e sim se permitir ser vulnerável. Segundo Brené, esse é o caminho para desenvolver mais coragem, empatia e conexão, exatamente o que a vergonha tenta bloquear.
Encarar a vulnerabilidade é aceitar o desconforto de se mostrar como realmente é, sem garantias de que tudo vai dar certo.
Segundo a especialista, desenvolver essa resiliência à vergonha envolve quatro atitudes:
1. Reconhecer e entender suas origens: Perceber quando ela surge e o que costuma despertá-la já ajuda a reduzir o impacto.
2. Praticar a consciência crítica: Refletir se os pensamentos que alimentam essa emoção vêm de expectativas próprias ou de cobranças externas.
3. Ser acessível: Permitir que as pessoas se aproximem, abrindo espaço para a empatia e diminuindo a força da vergonha.
4. Falar sobre isso: Compartilhar o que se sente com outras pessoas e pedir apoio.
Leva tempo para amadurecer essa prática, mas tudo começa com um primeiro passo – e o fim do ano pode ser um bom momento para isso. É hora de olhar para dentro e começar 2026 voltando a ocupar o centro das nossas próprias conquistas e decisões.
Para refletir:
Nos relacionamentos: Até que ponto as pessoas conhecem você e não apenas a versão que aprendeu a mostrar?
No trabalho: Quantos projetos você deixou de lado ou viu outras pessoas assumirem por medo de receber críticas ou parecer inexperiente?
Na saúde mental e física: Será que seu corpo já deu sinais de que algo não vai bem e, mesmo assim, você seguiu por vergonha de assumir isso?
Para aprofundar:
📖 A coragem de ser imperfeito: Saiba como a vulnerabilidade pode ajudar a lidar com as emoções, superar a vergonha e viver melhor.
📖 Viver com ousadia: Conheça ferramentas para vencer inseguranças, repensar crenças e conquistar objetivos.
📖 Seja dona dos seus limites: Estabeleça limites, reconheça suas necessidades e comece a se colocar em primeiro lugar.
Sextante indica:
“Nasci de oito meses e sou virginiana. Sempre brinco que essa combinação me deixou inquieta por natureza, com uma sede enorme de aprender coisas novas, mesmo quando bate aquele frio na barriga. Talvez eu até tenha adiantado minha chegada ao mundo por pura curiosidade! rs
No ano passado, passei por um câncer de mama (estou ótima! 🩷) e precisei encontrar um esporte que realmente me motivasse. Foi assim que descobri a canoa havaiana. A sensação da brisa no rosto, o trabalho em equipe… é tudo muito gostoso e revigorante. É como se a cada remada, eu remasse para viver.
O esporte me fez lembrar de um dos meus poemas preferidos escrito por Allan Dias Castro (”A monja e o poeta”) que diz assim:
“O mar ensina.
Mas é preciso remar.
Fôlego!
Para lembrar que ondas e lágrimas
São feitas de água salgada.
Fôlego!
Para transformar tristeza em mar.”
Natália Alexandre
Gerente de Marketing
Confira nossos lançamentos do mês:
A coragem de ser imperfeito (capa dura): Em edição comemorativa que celebra 1 milhão de exemplares vendidos no Brasil, Brené Brown incentiva os leitores a abandonar o perfeccionismo e abraçar a vulnerabilidade.
Murdoku: Você tem o que precisa para se tornar um grande detetive? Com 80 enigmas de assassinato, o livro combina os recursos visuais do sudoku com o raciocínio dos clássicos desafios de lógica.
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